Por volta das 19h30 desta quarta-feira (13), duas explosões ocorreram nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, resultando na morte de Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que teria sido o responsável pelo ataque. A área foi rapidamente isolada pelas forças de segurança, incluindo o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, a Polícia Federal e a Polícia Legislativa, para garantir a segurança dos envolvidos e evitar novos incidentes.
De acordo com as autoridades, Francisco estacionou seu veículo próximo ao anexo da Câmara dos Deputados, onde detonou explosivos, e tentou se aproximar do STF na noite de quarta-feira. Ao ser confrontado pelos seguranças, ele lançou de dois a três artefatos explosivos, enquanto gritava para que não se aproximassem. Durante uma coletiva da deputada federal Erika Hilton, no Palácio do Planalto, a explosão foi ouvida, gerando confusão e incerteza sobre a gravidade do evento. No entanto, a resposta rápida das forças de segurança e o movimento de pessoas nas ruas indicaram a seriedade da situação. Como medida preventiva, o STF evacuou seu prédio.
Natural de Rio do Sul, em Santa Catarina, Francisco era chaveiro e ficou conhecido nas redes sociais pelo apelido de “Tiu França”. Em 2020, ele tentou se eleger vereador pelo PL, mas obteve apenas 98 votos e não conseguiu a cadeira. Sua presença online era marcada por teorias conspiratórias, muitas delas ligadas à extrema-direita. Francisco frequentemente expressava receios sobre o que chamava de uma transformação socialista no Brasil e usava uma retórica fortemente anticomunista. Uma de suas postagens mais recentes fez referência ao dia 15 de novembro, data da Proclamação da República, sugerindo que seria “especial para iniciar uma revolução”.
Francisco também se destacava por suas críticas ao STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente. Antes de realizar o ataque, ele publicou mensagens ameaçadoras nas redes sociais, mencionando “bombas” e “explosões”. Em uma dessas publicações, afirmou que a Polícia Federal teria “72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas”, fazendo uso de emojis e linguagem simbólica para sugerir um ataque iminente.
Em seus posts, Francisco frequentemente misturava temas políticos com elementos religiosos, afirmando não ser “terrorista”, mas com um tom irônico. Em uma publicação, ele escreveu: “Quando o grito da voz ecoa nos paredões trapezoidais e se perde no espaço; o efeito explosivo pode atingir esquinas, vielas, nações e comarcas!!!”
Antes do ataque, Francisco também publicou uma foto sua dentro do plenário do STF, acompanhado da frase: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”, em uma crítica à segurança do tribunal. Em outra postagem, ele insinuou que o ataque seria um ato simbólico, referindo-se ao “dia 13” como uma data para “foguetinhos” comemorativos.
Testemunhas que estavam no local relataram que Francisco estava vestido de maneira peculiar, com um terno decorado com naipes de cartas e um chapéu branco ao lado de seu corpo. Ele se deitou com um explosivo próximo à cabeça e acionou o artefato, resultando em sua morte.
Em nota oficial, o Supremo Tribunal Federal confirmou o incidente e detalhou que, ao final da sessão desta quarta-feira, dois fortes estrondos foram ouvidos. Como medida de segurança, os ministros foram retirados do prédio, e todos os servidores e colaboradores do edifício-sede também foram evacuados. O STF afirmou que está colaborando com as investigações conduzidas pelas autoridades policiais do Distrito Federal e solicitou cautela até o desenrolar dos fatos.
A motivação por trás do ataque e as circunstâncias exatas do ocorrido ainda estão sendo investigadas, mas as autoridades já apontam que a ação pode ter sido planejada como uma manifestação extrema contra instituições do governo federal e o STF. O caso continua em apuração.