A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) está novamente no centro de um escândalo que combina salários astronômicos e uma dívida bilionária, como revelou uma reportagem do Jornal Anhanguera 2ª edição nesta quarta-feira (08). Durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD), a empresa acumulou uma dívida que supera R$ 2,3 bilhões e manteve uma folha de pagamento marcada por altos valores, mesmo após deixar de realizar a coleta de lixo há oito meses.
Salários Surreais
Uma auditoria conduzida pela nova gestão municipal, liderada pelo prefeito Sandro Mabel, expôs irregularidades gritantes nos salários da Comurg. Funcionários de cargos operacionais, como servente de pedreiro, jardineiro e gari, com salários-base em torno de R$ 1,5 mil, chegaram a receber entre R$ 15 mil e R$ 19 mil com gratificações.
Casos ainda mais chocantes incluem uma auxiliar de limpeza que recebeu R$ 44 mil, superando o salário do próprio prefeito (R$ 32 mil), um motorista que recebeu R$ 27 mil, e um funcionário administrativo que embolsou mais de R$ 60 mil em um único mês.

O Peso da Dívida
A crise na Comurg afeta diretamente as finanças de Goiânia. A empresa é responsável por mais da metade da dívida total do município, que atinge R$ 2,3 bilhões. Um relatório elaborado por uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara de Vereadores apontou graves irregularidades, mas o resultado das investigações acabou “em pizza”, sem medidas efetivas.
Ação da Nova Gestão
O prefeito Sandro Mabel iniciou uma reestruturação drástica para reduzir os custos da Comurg. Até o momento, 420 funcionários comissionados foram demitidos, gerando uma economia mensal de R$ 3 milhões.
Mabel destacou que a diferença de custos entre a Comurg e o consórcio LimpaGyn, que agora realiza a coleta de lixo na capital, chega a R$ 70 milhões por mês, o equivalente a R$ 840 milhões por ano. Ele afirmou que essa economia poderia ser redirecionada para áreas como educação, saúde e obras públicas.
Defesa da Gestão Anterior
O ex-prefeito Rogério Cruz justificou os altos salários como consequência de direitos adquiridos ao longo dos anos, como quinquênios e benefícios incorporados. Segundo Cruz, todos os pagamentos estavam dentro da legalidade e respeitavam a legislação vigente.
A TV Anhanguera tentou contato com Rodolfo Bueno, último presidente da Comurg na gestão de Cruz, mas não obteve retorno.
Próximos Passos
A nova gestão informou que mudanças no estatuto da Comurg estão em discussão pelo conselho de administração. O objetivo é aprovar uma estrutura mais enxuta, eliminando superintendências, diretorias e gratificações excessivas, além de trazer mais transparência e eficiência à companhia.
As ações prometem aliviar as finanças do município, mas a população aguarda os resultados concretos dessa reestruturação e maior fiscalização no uso dos recursos públicos.
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